Minha vida, meus filhos, minha casa, minha vida…

Update de abril de 2009: eu não concordo com o que vou fazer, mas como eu “me encho” fácil, como o texto abaixo demonstra, resolvi publicar um link para os para-quedistas: Quer comprar casa?

http://www.caixa.gov.br/habitacao/index.asp

O título desse post vem do comercial do supermercado Extra, que mostrava uma dona de casa feliz e saltitante, a quem eu adoro imitar pra fazer meu marido rir. O videozim do youtube é da campanha nova, mas a musiquinha é a mesma.

Ah, continuo desesperadamente feliz e casada, viu?

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Hoje eu me enchi. Eu sei que estou numa fase horrível e que tudo é desculpa pra chutar baldes e canelas, mas veja se essa não é uma boa desculpa: quando estou sozinha em casa trabalho feito uma camela. É louça, é roupa pra lavar, é banheiro pra lavar, é chão pra varrer e encerar. Eu faço. Não quero minha casa um primor de arrumação, não gosto disso, acho que muita arrumação significa que ninguém realmente usa a casa. Parece cenário. Talvez não, talvez uma família organizada e disciplinada mantenha tudo no lugar, mas essa não é a minha família. Eu gosto da casa limpa e de alguma organização. Só consigo quando estou sozinha em casa, não tem mais ninguém pra zonear e eu trabalho sozinha. Pois bem, há dias em que chego do trabalho e encontro a casa como se alguém tivesse revirado tudo procurando algum tesouro. Roupas nos sofás, nas camas, na tábua de passar, no chão, e até no guarda-roupa. A pia entupida de louça suja. As panelas sobre o fogão, destapadas. Os panos de chão úmidos, embolados dentro do tanque. As travessas com gordura petrificada no chão da área de serviço. Eu cheguei na maior boa vontade para arrumar. Pensei “vou tomar banho primeiro, ou melhor, vou lavar o banheiro e depois tomar banho, então eu cato as roupas”, mas encontrei a cozinha naquele estado. Tomei meu banho, coloquei uma roupinha fresca e fui ligar o micro pra botar música. Lembrei da ventania de ontem e peguei um pano para limpar o micro e a mesa. Minha mão e o pano ficaram encharcados de óleo. Não me pergunte porque tinha óleo na mesa do micro, eu não quero saber. Eu andava preocupada, essa mania de dona de casa estava me tirando o tempo de ócio criativo. Não escrevo, não leio, não estudo, não redijo, não componho, só limpo. Hoje não, hoje coloquei a Maria pra fora, sai desse corpo que não te pertence. Estou sozinha em casa e não quero saber o que tem pra jantar, não quero saber se tem roupa limpa para trabalhar amanhã, não quero saber de nada. Vou escrever, estudar um pouco, cantar (!) e redigir a pauta do podcast. Não quero briga na hora que pai (e filha) chegarem em casa. Eu só não quero que ele me pergunte de comida ou de uniforme ou que ela me peça pra usar o micro. Não sei, não pode.